Desorientação - a sensação de estar inclinado
Veja o vídeo no final da matéria!!!
A maioria
dos pilotos reconhecem que a desorientação é uma das ilusões mais comuns que
ocorrem, mesmo para quem já está voando por algum tempo. A desorientação
espacial (com a sensação de estar inclinado), foi responsável por cerca de 10% dos acidentes de aviação civil.
Uma
investigação do NTSB sobre o desempenho humano, sugere que a
solução mais útil para evitar a desorientação
espacial é uma educação
para os pilotos voltada para temas sobre a fisiologia e
as causas psicológicas da
desorientação.
Também foi observado nesta investigação que distrações
durante curvas à noite, ou em IMC, tem sido
comum a todos os casos recentes de desorientação
grave que causaram acidentes aéreos
fatais.
Muitos se acidentam
enquanto se engajam em algumas tarefas que canalizam suas atenções para longe dos
instrumentos de voo. Outros, mesmo percebendo um conflito entre seus sentidos corporais
e os instrumentos de voo, acabam se acidentando porque não conseguem definitivamente resolver o conflito.
A seguir, veremos
alguns trechos de um artigo escrito pelo perito médico aeroespacial, Dougal Dr.
Watson, que explica o fenômeno da “sensação de
estar inclinado”:
Nossos olhos
são os principais responsáveis pela nossa orientação
durante o vôo. Temos os órgãos de equilíbrio em nossos
ouvidos chamados canais semicirculares e os órgãos chamados otólitos, mas eles
não são muito eficazes como sensores de
orientação durante o vôo. Durante o vôo em IMC (ou sob capota),
perdemos a sensação de equilíbrio e de orientação fornecidos
pelos nossos olhos, que tem no “horizonte” a mais importante referência.
Para
agravar, esses órgãos de equilíbrio “não-visual” não irão detectar uma curva
lenta.
Estes órgãos são projetados para detectar
uma curva, mas só até certo nível ou
limiar. Estas curvas lentas são chamadas de “below-threshold” ou “sub-threshold” (abaixo do limiar ou sub-limite), pois os nossos órgãos de equilíbrio não são capazes de detectá-lo. Apesar de voar, digamos, com 5
graus de asa direita baixa, nosso corpo ainda achará que está
num voo reto e nivelado.
Quando
percebemos a atitude inclinada nos instrumentos
da aeronave e tentamos corrigi-lo, curvando para a esquerda, provavelmente
iremos fazê-lo em uma taxa que os órgãos de equilíbrio passarão a
detectar. A aeronave estará voando “reto-e-nivelado” e nosso corpo irá pensar
ou acreditar que entrou em curva para a esquerda. Isso ocorre porque a curva
para a direita (sub-threshold)
não foi detectada, porém durante a correção da curva à esquerda foi devidamente
detectada (suprathreshold).
Sem um
horizonte para confrontar o que sentimos sentados na
nacele, certamente a sensação será de estar voando com cinco graus da asa
esquerda baixa, quando os nossos instrumentos indicam que estamos
voando reto e nivelado.
Esta ilusão é chamada ‘The Leans’;
quando o piloto se sente como se estivesse inclinando para a esquerda ou direita, quando na realidade não está, ou ainda quando um piloto,
na tentativa de corrigir a sensação de uma curva ilusória da aeronave, inclina o
corpo na direção oposta.
O perigo de
uma ilusão como esta é que a falsa
sensação pode ser tão avassaladora e tão incontrolável que chegamos
a modificar a atitude do voo para que tudo “pareça” normal.
Na
continuação deste caso, a próxima reação seria novamente um rolamento da
aeronave à direita para que o nosso corpo pudesse
“se sentir” em linha reta e nível. Se
este processo continuasse, não é difícil
imaginar a aeronave entrando em atitudes extremas, justamente por seguir as “sugestões”
enganosas do corpo ao
invés de confiar nos instrumentos.
Fato. Todo piloto
que voar em IMC, por mais experiência que tenha, vai sofrer em algum momento ou
em alguma intensidade o problema de desorientação. Não é possível evitar a
ilusão completamente. Tudo o que podemos fazer é
evitar que eles nos cause problemas.
Para evitar problemas de desorientação é importante se
concentrar nos instrumentos, minimizar movimentos
da cabeça e, se possível, voar em linha reta e nivelado
para um minuto ou mais. Isto permitirá um “reset” dos mecanismos de equilíbrio
e estabilização do seu corpo e vai reforçar
a sua fé nos instrumentos da aeronave.
Estudos de Caso
indicam que como não é possível evitar as ilusões sensoriais, obter informações e a sensibilização
sobre o tema pode ajudar os pilotos a reconhecerem o início da
desorientação e se prepararem para enfrentar tais
ilusões.
Tipos de Desorientação
Na desorientação Tipo
I, o piloto está distraído para o fato de que ele está desorientado e
controla o avião completamente em resposta às falsas sensações de atitude e
movimento dele ou dela.
Na desorientação Tipo
II, o piloto imagina que algo esta errado com o modo do avião estar voando,
mas NÃO imagina que a fonte do problema está na desorientação
espacial.
Quando um piloto está extremamente ocupado manipulando os
controles do cockpit, ansioso, mentalmente estressado ou fatigado, a proficiência
do piloto sobre os instrumentos de vôo é reduzida.
Quando
um piloto está distraído nos cheques cruzados dos instrumentos, durante
fases de vôo com tarefas intensas e em condições marginais
meteorológicas ou de visibilidade, a habilidade do piloto para
reconhecer e/ou
impedir desorientação espacial é severamente diminuída.
Muitos acidentes e incidentes com desorientação espacial têm
sido relatados durante a penetração da curva, aproximação final, subida após a
decolagem, perfil de subida.
No
Tipo II existe uma grande probabilidade de que o piloto, caso não perceba a
tempo que está num processo de desorientação, venha a ser vítima da falsa sensação
e acabe levando a aeronave para uma atitude de voo tão crítica que sua recuperação
se torna irreversível... e exemplos não faltam, veja este agora.
Veja
então este vídeo que faz um repasse de todo comentário acima e deixa
bem claro como até um experiente piloto pode sofrer com as
desorientações espaciais.
Finalmente lembre-se: horas de vôo NÃO
protegem um piloto experiente da desorientação espacial.
Fonte: Asas do conhecimento
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