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quarta-feira, 25 de maio de 2011

GAGO COUTINHO

Gago Coutinho, Navegador Aéreo
Dotado de um grande espírito de aventura, Gago Coutinho percorre o mundo utilizando todos os meios de transporte até que se sente aliciado pela grande invenção da época, o avião.
Exprime-se aqui o seu gosto pelo desconhecido, pela aventura e por máquinas que mudam o mundo, herdado especialmente das leituras de obras de Júlio Verne. Segundo o seu parecer, este autor era um educador e romancista, que para além de lhe despertar o amor pelo mar fez despertar nele igualmente «o desejo progressivo de conhecer o mundo e estudar a Ciência»,pelo que «entusiasmou futuros viajantes e exploradores, fez engenheiros, fez sem dúvida marinheiros, fez talvez mesmo aviadores» (discurso de Gago Coutinho, Sociedade de Geografia de Lisboa /1924).
>Neste contexto, o seu interesse pela aviação não surgiu apenas do espírito Romântico que esta inspirava, mas principalmente do caracter científico do almirante. Este via na aviação um vasto espaço de novas descobertas científicas, onde desejava aplicar os seus inúmeros conhecimentos e pesquisa quer a nível marítimo quer a nível terrestre. O emprego, quase diário, que havia feito, em África, durante as suas missões de geógrafo, do sextante e o conhecimento detalhado das possibilidades deste instrumento, eram mais que suficientes para justificar a sua opinião. Na verdade, Gago Coutinho propunha provar que a aviação se poderia sustentar numa navegação completamente científica, constituindo o avião um meio de transporte tão seguro e utilitário como qualquer outro. Esta sua vontade saciou-se aquando da proposta de Sacadura Cabral, fruto das suas relações de amizade e companheirismo em África, para participar na I Travassia do Atlântico Sul.
Assim, Gago Coutinho foi um dos primeiros oficiais de Marinha a oferecer-se para ir ao estrangeiro obter a sua «Carta de piloto do ar», uma vez que a de «piloto do mar» já possuía alguns anos. Breveteado em França em 1915, num frágil Maurice Farman, o "baptismo do ar" do almirante realizou-se em Portugal, mais propriamente na Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha, a 23 de Fevereiro de 1917, acompanhado pelo já piloto-aviador Sacadura. Nesta escola, foi, mais tarde, incorporado como instrutor.
A propósito da sua passagem pela escola referida, e já no contexto das experiências aéreas na companhia, de Sacadura Cabral, o almirante comenta:
«Vou ao aeródromo de Vila Nova da Rainha e dou três voos com o Sacadura. Total, 35 minutos no ar. Admirável a segurança; demos vários saltos, curvas, etc. até governei um pouco. Pareceu-me bastante fácil e muito mais seguro do que eu julgava. Em todo o caso, entusiasmei-me.»
Esta foi a primeira de algumas das suas experiências de voo que culminariam com a I Travessia Aérea do Atlântico Sul, que consagra o nome de Gago Coutinho como aviador, na História Nacional.

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