Muitos motores aeronáuticos produzidos durante a Segunda Guerra Mundial foram bem sucedidos, como os motores Pratt & Whitney R-1830, que equiparam os Douglas C-47 e Consolidated B-24 Liberator, e os Allison V-1710, que equiparam aeronaves como os Curtiss P-40 e os Lockheed P-38 Lightining. Mas talvez o melhor motor produzido durante o conflito foi o Rolls-Royce Merlin. Este motor equipou os dois mais famosos aviões de caça da Segunda Guerra, o Supermarine Spitfire e o North American P-51B/D Mustang.
O Rolls-Royce Merlin (assim chamado devido a uma espécie de falcão, nada a ver com o mágico da corte do Rei Arthur) era um motor V-12, de 1649 polegadas cúbicas de cilindrada (27 litros), com duas bancadas de 6 cilindros dispostas em um "V" de 60 graus.
Cada cilindro tinha um diâmetro de 5,4 in (137,2 mm) e curso de 6 in (152,4 mm), curso esse bastante longo e típico da época. Cada motor pesava cerca de 746,5 Kg (modelos Merlin 66 ou Packard V-1650)
As duas bancadas de cilindros eram de construção integral, em alumínio, e os cabeçotes faziam parte da construção dos cilindros, evitando as problemáticas juntas e permitindo pressões de admissão enormes. Cada cilindro tinha 4 válvulas, acionadas por um eixo de comando no cabeçote em cada bancada. Os modelos de final de produção tinham carburadores de injeção Bendix Stromberg, um compressor mecânico de duas velocidades acionado pelo eixo de manivelas do motor e um turbo-compressor, além de um radiador intercalado (intercooler) para dissipar o excesso de calor do ar comprimido. Isso permitia ao motor operar em altitudes de até 40 mil pés sem problemas e com ótima potência disponível.
A potência disponível variava muito com o modelo do motor, desde 1.130 HP nos Merlin II, que equipavam as primeiras versões do Sptifire, até 2.070 Hp nos últimos modelos de produção. A pressão de admissão chegou até 109 polegadas de mercúrio nos motores produzidos nos Estados Unidos pela Packard, para equipar os Mustang P-51H.
Os motores R&R Merlin foram produzidos às dezenas de milhares, nos Estados Unidos, sob licença, pela Packard, para equipar os North American P-51 (foto abaixo). Os modelos iniciais desse avião, talvez o melhor caça da Segunda Guerra Mundial, eram equipados com motores Allison V-1710, mas tinham bom desempenho somente em baixa altitude. Com a introdução dos motores Merlin, denominados nos Estados Unidos como Packard V-1650, alcançaram uma performance que superou inclusive o da maioria dos jatos em serviço durante a guerra.
Os motores do P-51H podiam gerar 2.218 HP em potência de emergência de guerra, com turbo-compressores, blower de duas velocidades, injeção de água e 109 polegadas na admissão. Essas aeronaves podiam voar a quase 500 MPH, Mach .75.
O TBO (Time Between Overhaul) dos motores Merlin era, inicialmente, apenas 200 horas, mas atualmente os motores devem passar por revisão geral após 500 ou 600 horas.
A Canadair, um fabricante canadense de aeronaves, fabricou um modelo sob licença do Douglas DC-4 Skymaster, como Canadair CL-4 Argonaut (foto abaixo), que tinha motores Merlin substituindo os radiais Pratt & Whitney originais.
A Rolls-Royce também fabricou motores Merlin para tanques de guerra, mas esses modelos não dispunham de turbo-compressores e tinham os blocos de cilindros em ferro fundido, e não alumínio, como os motores aeronáuticos.
Fotos: Wikipedia
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