Hoje vou falar um pouco sobre algo
que muitas pessoas temem: o Stall. Quem não está familiarizado com a
aviação geralmente morre de medo dessa palavra, acho que com o tempo
(acidentes, etc.) a coisa foi ficando cada vez mais mal explicada e todo
mundo começou a ficar com medo sem nem saber o porque! Esse é mais um
post da série “Manobras”, portanto vou explicar exatamente o que um
examinador espera do candidato e dar algumas dicas.
Primeiro vamos entender o que é um
Stall. Quando o avião está voando existe um fluxo de ar que passa na
parte superior e na parte inferior da asa. Conforme aumentamos o ângulo de ataque,
esse fluxo de ar começa a ser modificado. A parte inferior continua
recebendo aquele fluxo inicial, porém a parte superior começa a receber
um fluxo diferente conforme aumentamos o ângulo. O Stall ocorre quando o
fluxo de ar se separa da parte superior da asa – torna-se turbulento e
reduz rapidamente a capacidade da asa de gerar sustentação.
Isso ocorre quando a asa excede um
ângulo crítico X. Ou seja, um Stall pode ocorrer em qualquer velocidade e
potência. No treinamento, colocamos a aeronave nessa condição com a
intenção de familiarizar o piloto com as condições que podem produzir um
Stall, para desenvolver a capacidade do aviador de perceber um Stall
iminente e principalmente para que este saiba como sair desse tipo de
situação em segurança.
Existem
três meios de se perceber um Stall: visão, audição e sensação corporal.
A visão basicamente percebe uma atitude anormal. Muita gente não sabe,
mas um Stall é facilmente ouvido (fluxo de ar). Além disso tudo,
sentimos uma vibração na aeronave e os controles se tornam mais livres,
porém com tempo de resposta maior.
Power-off
Esse tipo de Stall simula uma
aproximação, especificamente a final. Nessa manobra reduzimos a potência
e aplicamos full flaps. Mantenha a altitude inicialmente para reduzir a
velocidade. Assim que a velocidade de aproximação for obtida, comece
sua descida e reduza a potência para Idle.
O próximo passo é iniciar uma simulação
de pouso: roundout e flare. Aumente o ângulo de ataque com suavidade até
que a aeronave atinja o ângulo crítico. Antes mesmo do Stall o alarme
soará, porém isso não significa que o avião já está nessa condição.
Assim que o Stall for detectado, diminua o ângulo de ataque e aplique
potência máxima.
A última parte da manobra é a mais
crítica. Ela requer coordenação, agilidade e precisão. Quanto menos
altitude você perder melhor, e isso será um resultado direto da parte
final da manobra. Procure manter a altitude e assim que a velocidade
aumentar comece a recolher os Flaps.
Power-on
Nessa manobra, simulamos uma decolagem
que acabou gerando um Stall por conta do ângulo de ataque excessivo.
Geralmente não utilizamos Flaps nessa manobra. Iniciamos a simulação de
decolagem reduzindo a potência e mantendo a altitude até que a Vr
(rotation speed) seja obtida. Em Vr, aplicamos potência máxima e
aumentamos o ângulo de ataque até que o Stall seja obtido.
Não tenha medo de colocar o nariz para
cima! O principal ponto da manobra é o ângulo de ataque, sem ele o Stall
não acontece. Mantenha sua atenção focada no “Turn coordinator”, pois
baixas velocidades e alta potência são a melhor receita para um voo sem
coordenação que pode gerar um Spin. Ao mesmo tempo sinta o que está
acontecendo com o avião.
Assim que o Stall for detectado, diminua
o ângulo de ataque. A potência deve ser mantida no máximo até que a
velocidade seja aumentada. É importante que a altitude seja mantida ao
máximo, lembre-se que em uma decolagem podemos encontrar obstáculos!
No exame prático esses são os dois tipos
de Stall que devemos realizar, porém existem outros como
Cross-controls, Elevator Trim e o Secondary. O Stall secundário é o mais
comum, pois acontece durante a recuperação de um Stall inicial, por
isso é importante que tudo seja executado com muita precisão. Isso
reprova o candidato na hora!
Os erros mais comuns na execução dessas manobras são:
- Não executar clearing turns antes das manobras
- Falha na percepção de um Stall iminente através dos “três indicadores”
- Recuperação prematura
- Stall secundário na recuperação
- Voo sem coordenação
- Perda excessiva de altitude
Power-off e Power-on (básico)
- Altitude inicial superior a 1500 pés
- + ou – 10 graus para Heading
- Altitude perdida (de acordo com aeronave)
Fonte: blog Aero Entusiastas
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