O artigo seguinte tem por objetivo
fazer os instrutores de vôo refletirem sobre suas atividades,
principalmente no que se refere à responsabilidade de cada um no
processo de ensino e aprendizagem da arte de voar.
Na primeira parte é apresentada cópia de um texto
retirado do livro Manual do Instrutor de Vôo de Avião, publicado pela
editora EAPAC, de forma a estimular a reflexão. Na segunda parte são
colocados alguns questionamentos elaborados com o objetivo de
refletirmos sobre a instrução de vôo, com a intenção de aumentarmos a
autoconsciência e o discernimento sobre a mesma.
1ª parte
“A responsabilidade do instrutor de vôo é tremenda,
tanto perante seus alunos, como perante a indústria Aeronáutica. Ele
será responsável pelos hábitos de vôo e conseqüentemente, de modo geral,
pela segurança dos seus alunos durante toda a carreira do piloto. O
instrutor ainda será responsável pela segurança, não somente dos seus
alunos, mas também quanto ao equipamento, propriedades e a vida dos
passageiros confiados mais tarde aos cuidados dos mesmos.
As desastrosas conseqüências da negligência ou da incapacidade do instrutor, são evidentes e, no caso dos seus alunos mais tarde se tornarem instrutores, por sua vez, esses resultados serão talvez transmitidos e multiplicados numa extensão imprevisível. Todo instrutor deve estar consciente de sua responsabilidade e esforçar-se conscienciosamente para instruir cada um dos seus alunos, do modo mais perfeito possível.
As desastrosas conseqüências da negligência ou da incapacidade do instrutor, são evidentes e, no caso dos seus alunos mais tarde se tornarem instrutores, por sua vez, esses resultados serão talvez transmitidos e multiplicados numa extensão imprevisível. Todo instrutor deve estar consciente de sua responsabilidade e esforçar-se conscienciosamente para instruir cada um dos seus alunos, do modo mais perfeito possível.
O problema de preparar o aluno para enfrentar as mais
variadas situações que aparecerão na vida do piloto, requer um
planejamento cuidadoso e uma técnica infatigável. Cada aluno apresentará
um problema diferente de mentalidade e de personalidade, mas todos eles
possuem determinada capacidade que precisa ser levada em consideração.
A espécie humana só evolui lentamente. É possível que
o ser humano de hoje esteja pensando e agindo de uma forma um pouco
diferente do que há um século, porém, o seu cérebro e seus membros não
se modificaram materialmente durante todo esse tempo. Embora o
raciocínio, as reações nervosas e musculares talvez se tenham acelerado
um pouco a fim de se adaptarem às condições modernas, certos instintos
elementares e hábitos ficaram inalterados. Com estas premissas em mente,
é evidente que o ensino da arte de voar deve ser simplificado no
começo, de acordo com o nível intelectual do aluno e ser desenvolvido
gradativamente, para corresponder às exigências do vôo e às emergências
suscetíveis de ocorrerem durante a sua carreira de piloto. Durante este
processo serão necessários certos reajustamentos físicos e mentais.
A rapidez dessa adaptação depende principalmente da
aptidão do aluno, porém, os métodos de treinamento, os conhecimentos, a
adaptabilidade, capacidade e técnica do instrutor, bem como do tipo e do
estado do equipamento usado, são fatores de grande importância. O
progresso do treinamento poderá ser auxiliado por:
-
Um estudo e uma análise conscienciosos da arte de instruir, por parte do instrutor.
-
Uma técnica de vôo perfeita da parte do instrutor e o conhecimento profundo da arte e da ciência do vôo.
-
A capacidade e a paciência do instrutor de transmitir os seus conhecimentos ao aluno.
-
A habilidade do instrutor de inspirar ao seu aluno o desejo de voar corretamente.
-
A habilidade do instrutor de inspirar e conseguir a confiança absoluta dos seus alunos.
-
A habilidade do instrutor de convencer o aluno de que uma instrução perfeita não é apenas necessária, mas altamente desejável.
-
O uso dos métodos mais perfeitos de ensino, afim de que seja transmitido e assimilado dentro de um determinado período, o máximo de instrução.
-
Uma seqüência apropriada do treinamento, de forma que cada manobra leve o aluno, naturalmente, à manobra subseqüente.
-
Uma análise exata e cuidadosa das reações do aluno.
-
A manutenção por parte do instrutor, de um elevado padrão de técnica de vôo para ele próprio e sua insistência em exigir o mesmo padrão dos seus alunos.
Ao analisar um aluno, o instrutor deverá procurar
quaisquer inibições escondidas, receios e apreensões errôneas e tentar
eliminá-las. Ele deve engenhar métodos e exercícios que melhor se
adaptem a cada aluno. Não é possível padronizar por completo o tempo e
os métodos de treinamento. Apenas o programa, certas regras, os detalhes
das manobras e certos exercícios provados podem ser assentados
definitivamente.
Os seus deveres exigem do instrutor de vôo não
somente que ele possua um alto grau de conhecimentos teóricos, mas que
possa também demonstrar praticamente e de um modo perfeito, esses
conhecimentos. Ele não deve somente aperfeiçoar a própria técnica de
vôo, mas também deve saber as finalidades da mesma. Isto exige saber
analisar e sintetizar, isto é, ele deve saber decompor em seus elementos
qualquer ação ou manobra e explicar as suas causas e efeitos
individuais e demonstrar claramente como cada parcela se ajusta no todo,
indicando a sua relativa importância e situação.
O instrutor deve ter uma personalidade que se
imponha, sem contudo ofender; ele deve inspirar confiança e respeito e
deve saber quando elogiar e quando censurar. Ele deve prontamente sentir
quaisquer reações mentais e físicas indesejáveis da parte do piloto.
O instrutor deve saber adaptar a sua personalidade à
de cada um dos seus alunos, desenvolvendo a do aluno, fortalecendo as
suas fraquezas, sem deixar de ter tato e manifestar a sua perfeita
compreensão.
Acima de tudo, o instrutor deverá saber transmitir os
seus conhecimentos aos alunos. A experiência de instruir, é sem duvida,
de imenso valor para o instrutor e ele deverá desenvolvê-la tanto
quanto, ou mesmo mais do que o aluno. O instrutor não somente
aperfeiçoará a sua própria técnica de vôo, mas obterá também um
conhecimento intimo da natureza e do comportamento humano. A instrução
exerce um efeito tonificante sobre o instrutor consciencioso e o compele
a um pensamento introspectivo, desenvolve a sua paciência, tato,
compreensão e a sua habilidade de determinar o caráter de um indivíduo;
ela proporciona uma previsão nítida das conseqüências futuras de ações e
realidades presentes.
O interesse e o entusiasmo do aluno ajudam o
instrutor a manter no auge o seu próprio interesse.Para ser bem
sucedido, o instrutor deve, não somente demonstrar um vivo interesse
pelo seu aluno e o seu progresso, mas deve realmente senti-lo. Caso
contrário, o seu valor como instrutor, é extremamente problemático. As
responsabilidades ligadas aos deveres do instrutor são tais que, não
podem ser encaradas superficialmente ou cumpridas com indiferença.”“.
Questionamentos
1 - Nós instrutores, estamos cientes de nossas
responsabilidades e nos mantemos atualizados e constantemente estudando,
ou após o término do INVA paramos de estudar e raramente lemos o manual
do avião que estamos voando? Alguma vez ou com que freqüência, nos
dedicamos a refletir sobre as idéias claramente expostas no texto acima,
ou isso é perda de tempo, pois não traz horas de vôo e nem dinheiro?
Conscientes de nossas limitações e sem querer ser utópico, em que grau
conseguimos colocar em prática os 10 pontos acima explicitados?
2 - Os interessados em serem instrutores do vôo, já
pensaram a respeito de sua responsabilidade, ou apenas vem à carreira de
instrutor como uma oportunidade rápida de fazer horas de vôo?
3 - O DAC estava ciente das responsabilidades dos
instrutores ao escolher o Aero Boero como avião de instrução? Quais
critérios foram utilizados à época da escolha? Técnicos, operacionais,
que facilitariam o aprendizado e formação dos pilotos civis brasileiros,
ou outros?
4 - Os comandantes, de diferentes tipos de aeronaves,
mesmo sem possuir a habilitação de instrutor de vôo (INVA –INVH), estão
cientes de suas responsabilidades de estarem instruindo seus
co-pilotos, ou apenas deixam que os co-pilotos aprendam sozinhos, as
vezes até sonegando conhecimento por medo da concorrência?
5 - E os alunos ou co-pilotos, aprendendo com um
instrutor ou com seu comandante, o que fazem para melhorar seu
aprendizado e torná-lo mais efetivo? Qual o seu grau de dedicação e
interesse? Você contribui de maneira pró-ativa com o ensino recebido do
teu instrutor ou comandante, ou você apenas fica esperando pelo dia que
poderá tomar o cargo dele? E o dia que você for instrutor ou comandante,
qual será sua postura?
6 - E os presidentes e diretores de aeroclubes e
escolas de aviação. Será que tem plena consciência do papel do
instrutor? Suas ações administrativas colaboram com o trabalho dos
instrutores e ajudam estes a atingir seu principal objetivo, que é o de
formar pilotos, ou ambos tem ações contrárias, cada um tentando defender
seus interesses?
Fonte: Site Asas Brasil. www.asasbrasil.com.brAutor: Roberto Stolt
Instrutor de Vôo Avião
Copyright: Material cedido pelo Site Asas Brasil - Todos os direitos reservados
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