Introdução
É
possível que a bússola magnética seja o mais antigo meio seguro de
navegação que se conhece. Inventada pelos chineses por volta do ano 1200
DC, causou uma revolução tão grande nos sistemas de navegação na época
equivalente ao impacto que tem causado o GPS nos dias atuais.
Por
centenas de anos a bússola foi o principal meio de navegação e é
obrigatório o seu uso até os dias atuais. Existem dois tipos de
bússolas: a magnética e a eletro-magnética conhecida apenas como bússola
elétrica.
Bússola magnética (chinesa)
Conhecida
também como bússola chinesa ou magnética é indispensável na
instrumentação de uma aeronave. É obrigatória e considerada como bússola
principal se a aeronave não tiver sistema de bússola elétrica. Nas
aeronaves em que há sistema de bússolas elétricas, a bússola elétrica
(eletro-magnética) é a bússola principal da aeronave e a bússola
magnética passa a ser a bússola de emergência.
O
funcionamento da bússola chinesa se baseia na sua sensibilidade em
captar o campo magnético terrestre e apontar sempre para o norte
magnético. A bússola magnética deve ser aferida para eliminar possíveis
erros de interferência durante a fase de instalação na aeronave ou
periodicamente quando for detectado erros acima de 5º em relação a uma
proa magnética conhecida.
Bússola Elétrica
Um
tipo sistema mais simples de bússola elétrica é um indicador ligado
diretamente a um giro direcional livre. Freqüentemente utilizado para
substituir um giro direcional standard. Neste caso a proa magnética deve
ser afixada pelo piloto tomando como referência a bússola chinesa. Na
figura acima podemos observar este tipo de bússola elétrica mais
simples usada principalmente em aeronaves de pequeno porte.
Um
típico sistema de bússola elétrica, mais complexo, é composto por 3
unidades: um giro direcional servo controlado, um transmissor de azimute
magnético (válvula de fluxo) e um sistema de servo controle para o giro
direcional. A informação de proa magnética gerada pela válvula de fluxo
é estabilizada pelo giro direcional e fornecida por transmissores,
contidos no giro direcional e podem se acoplar diretamente nos
indicadores de proa HSI ou RMI de padrão standard ARINC e nos sistemas
de controle de voo automático (pilotos automáticos) e nos sistemas
diretores de voo (ADI).
O
transmissor de azimute magnético (válvula de fluxo) detecta a direção
do campo magnético da terra, converte esta informação em um sinal
elétrico e transmite ao giro direcional.
Válvula de fluxo
O
giro direcional servo controlado contém um giroscópio de proa, um
computador eletrônico e fornece informações precisas de proa
estabilizada usando os princípios da rigidez e presseção giroscópica.
Giro direcional
A
unidade de comando do servo controle (unidade slaved) é o controlador
de modo da bússola giromagnética, giro livre ou giro escravizado,
controle feito pelo piloto. Uma chave com três posições (em alguns casos
três chaves independentes) permitem ao operador selecionar operações de
giro livre (free gyro) ou giro escravizado (magnetically slaved gyro). O
modo "free gyro" permite ao piloto ajustar o cartão de bússola em
qualquer referência de sua escolha independente da informação enviada
pela válvula de fluxo. Um medidor de erro de é incluído para a
verificação da sincronização magnética.
Unidade de escravisação do giro
Quando
o sistema é alimentado e o modo giro servo controlado é selecionado
(giro escravizado), o sinal de proa fornecido pelo giro direcional será
alinhado automaticamente com a referência da direção magnética
transmitida pela válvula de fluxo (transmissor de azimute magnético).
Este
alinhamento inicial ocorrerá numa velocidade de varredura pré
determinada de graus/segundo após a qual passará automaticamente para
uma velocidade "normal" mais lenta. Uma precisão livre de desvios de
longo alcance é assegurada mantendo um alinhamento contínuo nesta
velocidade de servo controle normal. Se o modo de operação selecionado é
para "free" e em seguida, de volta para "slaved" através do acionamento
do botão "slave in" na unidade de controle de giro, o sistema volta
automáticamente para o modo normal e a seqüência será repetida.
O
piloto pode selecionar o modo "free gyro", que desacopla a válvula de
fluxo (transmissor de azimute magnético) e permite que a indicação de
proa seja posicionada manualmente, pressionando-se o botão de sentido
horário (CW) ou anti-horário (CCW) na unidade de controle do giro
(unidade slaved). Um circuito de detecção de pane acionará os
indicadores de alarme da bússola (bandeira vermelha no indicador) na
maioria das instalações informando que o piloto selecionou "giro livre"
ou se o sinal da válvula de fluxo for falho.
Um
sistema indicador horizontal de situação (HSI) além das outras
informações apresentadas, apresenta também a informação de bússola no
indicador HSI. Esta informação serve como referência aos outros
parâmetros de navegação. Veja abaixo um HSI típico utilizado com o
sistema KCS 55 da King.
Indicador HSI KI 525
Verificações de pré-voos
Uma verificação rápida do sistema básico de bússola giromagnética pode ser executada da seguinte maneira:
Antes
de ligar o sistema, verifique se o giroscópio está desligado por no
mínimo dez minutos, a fim de garantir que motor de rotação está parado.
Em seguida, coloque o botão "slave-in" no na posição "out".
Ao
ligar o sistema, a bandeira de alarme de bússola ("compass flag") no
indicador de proa do piloto deverá continuar visível por aproximadamente
30 segundos. O recolhimento da bandeira indica que o giro está ganhando
velocidade. O posicionamento manual do cartão de bússola pode ser
efetuado girando-se um dos dois botões de acionamento de proa
localizados no indicador. Observar que a bandeira "compass flag" aparece
durante o controle manual do cartão da bússola no instrumento.
A
fim de verificar o modo servo controle automático, ajuste manualmente o
cartão de bússola para uma leitura de 90° defazada da proa verdadeira
da aeronave. Em seguida, pressione a chave "slave-in" no sistema de
controle do giro e observe se o cartão de bússola gira para proa
magnética com uma tolerância de + ou – 2º. Dentro de 1 1/2 minutos, a
bandeira da bússola se desaparece e o servo controle automático
continuará na compensando a uma razão lenta de 3° por minuto.
O
medidor de servo controle (unidade slaved) indica o erro instantâneo
entre a apresentação do cartão de bússola e o sinal da válvula de fluxo
através do seu indicador de desvio. Em latitudes ao norte, uma divisão
na escala do medidor corresponde a um erro aproximado de 2°. As
indicações do medidor são válidas apenas durante atitudes da aeronave
nivelada e estabilizada.
Verificações em voo
Coloque
a aeronave em uma atitude de voo nivelada e estabilizada e pressione a
chave "slave-in" na unidade de controle do giro. A bandeira "compass"
aparecerá por 1 1/2 minutos, tempo no qual o dispositivo de servo
controle rápido automáticamente fará com que o cartão de bússola se
alinhe com a proa magnética verdadeira. Quando a bandeira "compass" se
retrai, o sistema estará no modo de servo comando com velocidade de
correção normal.
O
medidor na unidade de servo controle indica o erro instantâneo entre a
apresentação do cartão de bússola e o sinal da válvula de fluxo. Em
latitudes ao norte, uma divisão na escala do medidor corresponde a um
erro aproximado de 2°. As indicações do medidor são válidas apenas
durante condições de voo nivelado e estabilizado.
Normalmente,
todos os erros de proa que acontecem no giro são corrigidos
automaticamente numa razão de 3° por minuto. Este modo é selecionado
pela chave "slave-in" na unidade de controle do giro. Sem desacoplar o
modo de servo controle automático, o piloto pode comandar manualmente no
sentido horário ou anti-horário o posicionamento do cartão de bússola,
na razão rápida de 4° por segundo, utilizando os botões de acionamento
de proa localizados CW e CCW localizados na unidade de controle do giro
direcional. A bandeira de bússola aparecerá durante os períodos em que
as chaves CW ou CCW forem acionadas.
O
desacoplamento da válvula de fluxo pelo recuo da chave "slave-in" na
unidade de controle de giro permite que o piloto sincronize manualmente o
cartão de proa para a referência de sua escolha. Nesta condição, as
informações da válvula de fluxo não são válidas, portanto não há
correção automática de proa magnética.
Normalmente
em voo, a chave "slave-in" é sempre deixada acoplada. Quando a aeronave
é ligada o sistema de bússola inicia o ciclo rápido de servocontrole
automático durante 1 1/2 minutos e em seguida, inverte para a razão de
servocontrole para velocidade normal. Se a chave "slave-in" for girada
ou se a potência do giro for momentaneamente interrompida, o ciclo
rápido de servocontrole automático será repetido.
O
sistema de giro bússola é capaz de acompanhar razões de guinada de até
30° por segundo, e dentro de dois minutos após o término de uma curva de
90° fornecerá informação de proa precisa para dentro de 2° da direção
magnética local.
Aferição da bússola magnética e/ou bússola elétrica
Ângulo de Inclinação
1. Montar
a bússola magnética em um cavalete de inclinação, e com o cavalete de
suporte e a bússola fixados na orientação de teste, colocar o conjunto
em qualquer outra superfície nivelada de forma que possa ser rotacionada
em 360° em azimute.
2. Inclinar a bússola à frente para um ângulo de 20° da vertical.
3. Girar levemente a bússola em 360° e observar se a rosa dos ventos está livre para girar em sua articulação.
Paralaxe
1. Anotar a proa exata da bússola quando vista diretamente de frente.
2. Sem
reposicionar a bússola, verificar e anotar a leitura 45° à esquerda e
45º à direita da linha de fé, e verificar se não variam mais de 2,5° do
que foi anotado no passo anterior.
Aferição da Bússola magnética/elétrica na aeronave
Com a bússola instalada na aeronave, a aferição poderá ser efetuada utilizando os dois métodos mais conhecidos:
1. Usando uma bússola padrão como referência
2. Usando uma rosa dos ventos desenhado sobre o solo em um local apropriado.
Em
todos os casos de aferição de bússola, a aeronave deve ser colocada em
um local livre e distante do hangar ou de objetos metálicos de grande
volume ou de objetos que possuam ou gerem campos magnéticos de grande
intensidade.
Durante
a fase de aferição a aeronave de estar alimentada e com todos os seus
equipamentos eleto-eletrônicos ligados. Durante a aferição todos os
campos magnéticos ou interferências oriunda destes equipamentos serão
compensados.
Fonte: Aerotecnologia
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