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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Entenda a cobrança de tarifas de navegação aérea no Brasil



O Departamento de Controle do Espaço Aéreo – DECEA tem como uma de suas principais atribuições apoiar e tornar segura a navegação aérea de todos os voos realizados pela aviação civil no espaço aéreo sob sua responsabilidade. Essa atribuição é desempenhada por intermédio de vários órgãos operacionais elos do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro – SISCEAB, sejam eles do DECEA, da INFRAERO ou de outros Operadores de Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo (EPTA).
Os serviços prestados à aviação civil inerentes a essa atribuição são remunerados pelas Tarifas de Uso das Comunicações e dos Auxílios à Navegação Aérea em Rota, cobradas dos proprietários e exploradores de aeronaves, nos termos da Lei nº 6.009/73 e Decreto-Lei nº 1.896/89.
Essas tarifas estão estabelecidas em duas espécies:
  • A TAN que remunera os serviços em rota; e
  • A TAT que remunera os serviços nas áreas terminais de aeródromos.
O DECEA, há algum tempo, vem percebendo um desequilíbrio entre as receitas oriundas das tarifas supracitadas e os custos desses serviços prestados a aviação civil.
Estudos atuais do DECEA revelam que a taxa de recuperação dos custos dos serviços destinados a apoiar e tornar segura a navegação aérea, calculada entre o custo operacional anual e o faturamento total no ano, tem-se mostrado demasiadamente baixa, como demonstra o quadro a seguir:

Taxa de Recuperação do Custo Total Operacional do SISCEAB
Valores em Reais (R$)
Ano
Faturamento (TAN e TAT)
Custos Operacionais
Recuperação (%)
2007
857.589.630
1.040.887.770
82,39
2008
918.197.130
1.271.135.177
72,23
2009
1.043.223.884
1.905.850.462
54,74
2010
1.128.638.213
1.893.515.186
56,59
2011(*)
1.155.247.866
1.901.554.602
60,75
Defasagem
39,25
Fonte: DECEA – Relatório de Custos – RT 264/11. (*) Dados até março de 2011.

Observa-se que o faturamento anual das tarifas TAN e TAT gera uma defasagem na recuperação dos custos globais do SISCEAB da ordem de 39,25%.
As receitas oriundas da cobrança da TAN, isoladamente, como pode ser visto no próximo quadro, apesar da defasagem menor, também não são suficientes para cobrir integralmente os custos operacionais dos serviços de controle de tráfego aéreo em rota, persistindo uma defasagem da ordem de 11,68% entre os custos e as receitas consideradas.

Faturamento e Custos Operacionais Relativos à TAN – abril de 2010 a março de 2011
Valores em Reais (R$)
Discriminação
Faturamento
Custos Operacionais
Recuperação (%)
Total
986.057.829
1.116.512.373
88,32
2011
Defasagem
11,68

Fica evidente, também, no quadro abaixo, que o nível de recuperação dos custos do SISCEAB é fortemente influenciado pela baixíssima taxa de recuperação dos custos dos serviços prestados nas áreas terminais dos aeródromos, os quais são remunerados pela tarifa TAT.

Faturamento e Custos Operacionais Relativos à TAT – abril de 2010 a março de 2011
Valores em Reais (R$)
Discriminação
Faturamento
Custos Operacionais
Recuperação (%)
Total
169.190.037
785.042.229
21,55
2011
Defasagem
78,45

Sobre o assunto, vale destacar ainda, com base em dados estatísticos disponíveis nos anuários da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, que o impacto do preço das tarifas nos custos das empresas aéreas, nos últimos 10 anos, nunca ultrapassou os 4%, chegando a índices ainda mais baixos em 2010.

Percentual médio da incidência das tarifas de navegação aérea nos custos das empresas
Anos
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Doméstico e Internacional
4,0
3,9
3,9
3,9
3,5
3,5
3,7
3,0
3,6
2,6
Fonte: Anuários Estatísticos- 2001 A 2010 – ANAC.

Observa-se que a medida que os valores das tarifas ficam defasados, trazendo prejuízos para o SISCEAB, as empresas aéreas se beneficiam de menores percentuais de incidência dessas tarifas nos seus custos. Atualmente esse índice é inferior a 3%.
Por outro lado, merece destaque, também, a defasagem existente entre o valor das tarifas TAN e TAT e os preços de outros itens tomados como referência, conforme apresentado no quadro a seguir, no qual é demonstrada a evolução acumulada da variação dos preços, entre 1997 e 2010, das Tarifas de Navegação Aérea comparativamente com a evolução do preço das Passagens Aéreas. Como fator de deflação de preços foi utilizado o Índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), cuja evolução no período é também muito superior à das Tarifas de Navegação Aérea.

Evolução do Valor das Tarifas de Navegação Aérea Domésticas e de Outros Indicadores
(Base: 1997 = 100)
Ano
Tarifas de Navegação
Passagens Aéreas
IPCA
1997
100,0
100,0
100,0
1998
98,4
98,4
103,2
1999
90,3
100,2
108,2
2000
84,2
110,1
115,8
2001
78,2
129,9
123,7
2002
69,5
178,5
134,2
2003
63,6
175,0
154,0
2004
59,1
172,5
164,1
2005
62,7
209,1
175,4
2006
60,8
183,2
182,7
2007
58,2
180,9
193,4
2008
54,9
191,6
204,8
2009
46,9
137,47
213,4
2010
44,2
136,02
226,3
Fonte: INFRAERO e IBGE.

Finalmente, considerando-se a grande necessidade atual de serem realizados novos investimentos para a revitalização e a modernização da infraestrutura do Sistema de Controle do Espaço Aéreo, em função do elevado crescimento do tráfego aéreo no Brasil, é fundamental a adoção de medidas imediatas para reequilibrar a relação entre os custos e as receitas do SISCEAB. Essas medidas permitirão a todos, DECEA, Infraero e outros operadores autorizados, prestarem serviços de apoio à navegação aérea, em rota e em áreas terminais, com qualidade, com segurança e com uma rentabilidade adequada à atividade.

Fonte: Decea e Infraero

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