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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Helipontos



A sua próxima parada



Projetos de Helipontos
Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro registram crescimento no número de helipontos construídos em novos edifícios e adaptados em prédios antigos. Tanto que a arquitetura já começa a tratá-los como elemento estético no coroamento das edificações.
Equipamento estratégico para resolver os problemas de trânsito e segurança dos executivos, os helicópteros estão modificando o cenário das metrópoles e de suas edificações. Para o engenheiro Carlos Freire, diretor de escritório técnico especializado no desenvolvimento de projetos e na construção de helipontos, a tendência tem sido explorar esse elemento sobre o edifício como uma escultura. No caso de instalação sobre construções antigas, há a necessidade de estudos mais complexos devido à sobrecarga. “Entretanto, um dos maiores desafios é resolver os acessos, como escadas, elevadores e rampas”, afirma.
A arquitetura, na opinião de Freire, deve harmonizar as formas e revestimentos do heliponto com o desenho e os materiais das fachadas do prédio. “A melhor solução estrutural é aquela que já vem sendo utilizada na construção. O uso de uma estrutura metálica sobre uma de concreto só se justifica quando há necessidade de balanços ou quando se procura forma mais delgada para o heliponto”, ele observa.

Tipos de estrutura
O projeto de um heliponto considera um tipo determinado de aeronave - chamada helicóptero de projeto -, que servirá de base para o cálculo das dimensões da área de pouso e decolagem e da capacidade portante da plataforma. “É importante ressaltar”, destaca Freire, “que as dimensões mínimas de um heliponto são de 18 x 18 metros e a capacidade portante de duas toneladas-força.”
Além das dimensões e da capacidade portante, existem outros aspectos a considerar. Um deles é a rampa de acesso, caminho que o helicóptero percorrerá para pousar/decolar. Ela deverá ter inclinação de 13:1 (a cada 13 metros, na horizontal, deverá ser elevado um metro na vertical); obstáculos como torres, prédios e antenas deverão ficar abaixo dessa inclinação. Além disso, o projeto de arquitetura do heliponto não poderá conter obstáculos para as rampas de acesso, exigindo atenção especial quanto à localização de escadas, rampas e elevadores.
O tamanho do heliponto é definido em função das dimensões do helicóptero de projeto adotado. Quando é maior que a projeção do andar-tipo, torna-se necessária a execução de balanços. “Para estruturas bem projetadas não existem pontos negativos que possam causar problemas”, afirma Freire.

Concreto
As estruturas de concreto são ideais no caso de construções novas, executadas com esse material. Pode-se prever um reaproveitamento de fôrmas e utilizar a equipe que já está na obra.
• Vantagem: no Brasil, representa menor custo.
• Desvantagens: dificuldade de execução dos balanços, principalmente pela necessidade de escoramentos em locais muito altos, e também o elevado peso. Como elemento estrutural, tem limitações em caso de reforma. A troca do helicóptero de projeto para um de maior dimensão, por exemplo, exige aumento de tamanho da plataforma.

Aço
As estruturas de aço são ótima solução para a construção de helipontos elevados. Elas têm menor custo, se comparadas às de alumínio, e apresentam grande facilidade de trabalho em locais altos.
• Vantagens: redução de custo para execução de balanços em edifícios altos e possibilidade de menor manutenção se adequadamente aplicada uma proteção superficial (galvanização a fogo ou pintura em poliuretano).
• Desvantagens: são circunstanciais.
Segundo Freire, elas estão ligadas à falta de tradição da construção metálica no Brasil e aos interesses financeiros de incorporadores e construtoras, que contratam empresas sem condições técnicas para esse tipo de obra.

Alumínio
As estruturas de alumínio são a de melhor desempenho para helipontos. É a solução mais utilizada nos países do Primeiro Mundo, segundo Freire. Mas ele destaca que nesses locais os helipontos são comercializados na forma de leasing, e o alumínio, por sua praticidade e facilidade de desmontagem, responde bem ao conceito de instalação móvel.
• Vantagens: grande resistência à corrosão atmosférica e facilidade de montagem e desmontagem.
• Desvantagem: alto custo.
Para edifícios novos, a estrutura mais usada é a mista de aço e concreto ou apenas de concreto. Já para a instalação em prédios antigos, a opção recai sobre o aço ou o alumínio. Na opinião de Freire, o concreto é economicamente viável, mas gera dificuldades para a criação de efeitos plásticos na arquitetura, além de apresentar maiores dificuldades para execução de estruturas em balanço.

Custo do material
Um aspecto importante é o custo do material, considerando-se as ações de manutenção futura. A experiência tem demonstrado que a melhor solução (custo/benefício) é a estrutura de aço com aplicação de proteção contra corrosão atmosférica (galvanização a fogo ou pintura com poliuretano).
“Alguns helipontos são construídos em estruturas metálicas do tipo espacial, de aço ou alumínio”, diz Freire. A justificativa técnica é a facilidade de montagem, uma vez que os elementos estruturais poderão ser projetados com dimensões da ordem de 2,50 metros, facilitando o transporte das peças até a cobertura (pode-se utilizar o elevador de passageiros do prédio).
Na opinião de Freire, estruturas espaciais não são recomendadas para pisos de grande capacidade portante, como helipontos, pois os esforços transmitidos pelos nós obrigam à utilização de várias chapas e parafusos, o que encarece a execução. Também se deve destacar que as estruturas tubulares têm maiores pontos de estagnação de água (causadores de corrosão), sendo seu uso aconselhável para locais secos (com coberturas metálicas, por exemplo).

Normas técnicas
As cargas de dimensionamento do heliponto obedecem a critérios especificados em normas. Nos últimos anos ocorreu uma simplificação do processo de aprovação de projetos, a partir da publicação da IAC 4.301. Para o dimensionamento das cargas, são consideradas as regulamentações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Aeronáutica.

Cargas pela ABNT
Todo heliponto se caracteriza como um terraço e, assim, deverão ser levadas em conta, em seu dimensionamento, as cargas da NBR 6.120, isto é, 300 kg/m2 em toda a sua extensão, onde houver acesso livre a pessoas. Nos helipontos em desnível, a consideração de carga na área de pouso poderá ser descartada, evitando o acesso de pessoas.

Cargas pela Aeronáutica
Segundo as normas estabelecidas pelo Ministério da Aeronáutica (Icao), a portaria 18/GM5 estabelece que “todo piso de heliponto deverá ser dimensionado para uma carga pontual de 75% do peso total do helicóptero, atuando numa área de 0,09 m2”.
Normalmente, segundo Freire, admite-se a área de 0,09 m2 como sendo de 30 x 30 centímetros. Isto é, o impacto de carga de uma única roda do trem de aterrissagem em um ponto qualquer do heliponto. Por se tratar de uma carga pontual, todo o piso do heliponto onde é possível o pouso deverá ser dimensionado para essa carga, levando-se em conta a punção no piso e os efeitos localizados dessa carga concentrada em qualquer ponto dos elementos estruturais em que o piso ou a laje se apóiam. Fica dispensada essa verificação nos casos em que a área de pouso (quadrado externo do heliponto) for rebaixada em relação à área de toque (quadrado interno).
Vale destacar a ocorrência de cargas aerodinâmicas de pouso e decolagem (devido ao deslocamento de ar durante essas operações). Freire informa que, nos projetos desenvolvidos por seu escritório, admite-se carga aerodinâmica de 100 kg/m2 atuando em toda a extensão da área de toque.

Dimensionamento
Para dimensionamento dos helipontos são consideradas três hipóteses de carga:
• HIP.I - Peso próprio + sobrecarga de 300 kg/m2.
• HIP.II - Peso próprio + carga de impacto da aeronave correspondente a 75% do peso total do helicóptero de projeto atuando nos pontos mais desfavoráveis da área de toque + 100 kg/m2, devido às cargas aerodinâmicas de pouso e decolagem.
• HIP.III - Combinação da análise de ventos pela NBR 6.123 com as HIP. I e II no somatório da situação mais desfavorável. A hipótese da ocorrência de ventos de alta intensidade com o helicóptero amarrado ao heliponto não é considerada, pois admite-se ser a carga atuante nas amarras menor do que a de impacto. Todos os elementos principais devem ser contraventados.


Um dos desafios dos projetos de helipontos é resolver acessos, como escadas, elevadores e rampas

Millennium Office Park, em São Paulo: heliponto como elemento arquitetônico

As normas prevêem distância mínima entre helipontos


Para edifícios novos, a estrutura mais utilizada é a mista de aço e concreto ou apenas de concreto

A arquitetura deve harmonizar as formas do heliponto com o desenho e os materiais da fachada do prédio

Helipontos em edifícios hospitalares


Ruído e conforto ambiental
Helipontos construídos próximo a janelas de prédios são obrigados a atender à lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), que introduziu instrumentos urbanísticos e ambientais na busca de um desenvolvimento sustentável e de respeito à função socioambiental da propriedade urbana. Assim, em alguns locais da área urbana, os helipontos ficam limitados a duas ou até uma única operação de pouso e decolagem por dia.
A NBR 10.151 estabelece uma média permissível de ruído para o período diurno (mais tolerável) e outra para o noturno (mais restritiva). Nos casos em que os helipontos ficam muito próximo de residências, pode não ser permitida a operação à noite.
As normas prevêem distância mínima entre helipontos. Porém, a experiência tem demonstrado que, através do controle de rádio entre pilotos, é possível garantir a segurança operacional. Quando realizado o projeto aeroportuário, é feita uma análise das rampas de aproximação, para garantir que não ocorra interferência. Essa avaliação é sempre submetida à aprovação do Serviço de Proteção ao Vôo do Ministério da Aeronáutica. As principais indicações das normas constam da portaria 8/GM5, IAC 4.301 e portaria 1.141.

Edifícios antigos
Para a instalação de heliponto em edifício já existente, é necessária a análise rigorosa da capacidade portante da cobertura. Nesses casos, é indicado construir o heliponto com o menor peso próprio possível, adotando chapas de aço ou alumínio no piso e outros recursos, como o desnível entre a área de pouso e a de toque. Este pode gerar algumas vantagens: dispensa a necessidade da tela de proteção lateral (o desnível já gera um fosso de proteção) e possibilita o confinamento dessa área, evitando o acesso de pessoas e reduzindo a sobrecarga da NBR 6.120.
A desvantagem, comentada por alguns pilotos, segundo Freire, seria a diminuição do efeito solo. Trata-se de efeito aerodinâmico importante nos momentos de pouso e decolagem - ele pode ser sentido quando dirigimos um ventilador para o chão e temos a sensação de que o aparelho flutua.
Em algumas obras em edifícios antigos, é necessária a utilização de reforços na laje de cobertura e no último lance de pilares. Alguns pontos precisam ser considerados para esses projetos. Todos os elementos estruturais existentes devem ser levantados e dimensionados, para que seja possível verificar a capacidade portante e projetar eventuais reforços. A execução do projeto de estrutura metálica deve levar em conta as condições de montagem.
A estrutura ideal para edifícios em uso é aquela que menos interfere tanto na composição da fachada como no comportamento estrutural do prédio, observa Freire. Mas estruturas de concreto em edificações antigas são altamente proibitivas, pelo elevado peso próprio. Nesse caso, o mais adequado é recorrer à solução estrutural metálica, de aço ou de alumínio.



Texto resumido a partir de reportagem
publicada originalmente em FINESTRA
Edição 45 Abril de 2006
 
De objeto de status a ferramenta logística


O Brasil ocupa a sétima posição no mercado mundial de helicópteros, sendo o país com maior frota civil e com a única linha de montagem da América Latina. Trata-se de um nicho de mercado que revela crescimento constante nos últimos anos e que, segundo dados da Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros (Abraphe), vem registrando mudança na percepção mercadológica.
O aumento das aplicações de uso (veja gráfico) e a descentralização do mercado geram a necessidade de construção de novos helipontos. Atualmente, é raro o projeto de edifício administrativo em São Paulo que não contemple a construção de uma área de pouso/decolagem de helicópteros. Da frota total do país, de 990 aeronaves, a região Sudeste detém 745 (453 no estado de São Paulo, 184 no Rio de Janeiro e 102 em Minas Gerais). No Distrito Federal há 39.

Mercado - tipo de uso

Segundo dados do Departamento de Aviação Civil (DAC), há 427 helipontos no Brasil. Desse total, 310 estão localizadosno estado de São Paulo, sendo 260 na Grande São Paulo.


Frota Mundial de Helicopteros
As características de crescimento das rotas de helicópteros em São Paulo levou a Abraphe a definir o chamado quadrilátero executivo - área que concentra o maior número de helipontos e de movimento de aeronaves e abrange da avenida Paulista à região das avenidas Nações Unidas e Luís Carlos Berrini, na capital. Esse novo centro econômico expandido reúne grandes edifícios corporativos, bancos, hotéis e outros empreendimentos. São exatamente essas edificações que exibem, atualmente, as mais diferentes propostas arquitetônicas e estruturais aplicadas à construção de helipontos. 


Frota por região

Fonte: Oheliponto.com

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