A sua próxima parada |
|
Projetos de Helipontos
Cidades como São Paulo e Rio de
Janeiro registram crescimento no número de helipontos
construídos em novos edifícios e adaptados
em prédios antigos. Tanto que a arquitetura já
começa a tratá-los como elemento estético
no coroamento das edificações.
Equipamento estratégico
para resolver os problemas de trânsito e segurança
dos executivos, os helicópteros estão modificando
o cenário das metrópoles e de suas edificações.
Para o engenheiro Carlos Freire, diretor de escritório
técnico especializado no desenvolvimento de projetos
e na construção de helipontos, a tendência
tem sido explorar esse elemento sobre o edifício
como uma escultura. No caso de instalação
sobre construções antigas, há a necessidade
de estudos mais complexos devido à sobrecarga. “Entretanto,
um dos maiores desafios é resolver os acessos, como
escadas, elevadores e rampas”, afirma.
A arquitetura, na opinião de Freire,
deve harmonizar as formas e revestimentos do heliponto com
o desenho e os materiais das fachadas do prédio.
“A melhor solução estrutural é
aquela que já vem sendo utilizada na construção.
O uso de uma estrutura metálica sobre uma de concreto
só se justifica quando há necessidade de balanços
ou quando se procura forma mais delgada para o heliponto”,
ele observa.
Tipos de estrutura
O projeto de um heliponto considera um
tipo determinado de aeronave - chamada helicóptero
de projeto -, que servirá de base para o cálculo
das dimensões da área de pouso e decolagem
e da capacidade portante da plataforma. “É importante
ressaltar”, destaca Freire, “que as dimensões
mínimas de um heliponto são de 18 x 18 metros
e a capacidade portante de duas toneladas-força.”
Além das dimensões e da capacidade
portante, existem outros aspectos a considerar. Um deles
é a rampa de acesso, caminho que o helicóptero
percorrerá para pousar/decolar. Ela deverá
ter inclinação de 13:1 (a cada 13 metros,
na horizontal, deverá ser elevado um metro na vertical);
obstáculos como torres, prédios e antenas
deverão ficar abaixo dessa inclinação.
Além disso, o projeto de arquitetura do heliponto
não poderá conter obstáculos para as
rampas de acesso, exigindo atenção especial
quanto à localização de escadas, rampas
e elevadores.
O tamanho do heliponto é definido
em função das dimensões do helicóptero
de projeto adotado. Quando é maior que a projeção
do andar-tipo, torna-se necessária a execução
de balanços. “Para estruturas bem projetadas
não existem pontos negativos que possam causar problemas”,
afirma Freire.
Concreto
As estruturas de concreto são ideais
no caso de construções novas, executadas com
esse material. Pode-se prever um reaproveitamento de fôrmas
e utilizar a equipe que já está na obra.
• Vantagem: no Brasil, representa
menor custo.
• Desvantagens: dificuldade de execução
dos balanços, principalmente pela necessidade de
escoramentos em locais muito altos, e também o elevado
peso. Como elemento estrutural, tem limitações
em caso de reforma. A troca do helicóptero de projeto
para um de maior dimensão, por exemplo, exige aumento
de tamanho da plataforma.
Aço
As estruturas de aço são
ótima solução para a construção
de helipontos elevados. Elas têm menor custo, se comparadas
às de alumínio, e apresentam grande facilidade
de trabalho em locais altos.
• Vantagens: redução
de custo para execução de balanços
em edifícios altos e possibilidade de menor manutenção
se adequadamente aplicada uma proteção superficial
(galvanização a fogo ou pintura em poliuretano).
• Desvantagens: são circunstanciais.
Segundo Freire, elas estão ligadas
à falta de tradição da construção
metálica no Brasil e aos interesses financeiros de
incorporadores e construtoras, que contratam empresas sem
condições técnicas para esse tipo de
obra.
Alumínio
As estruturas de alumínio são
a de melhor desempenho para helipontos. É a solução
mais utilizada nos países do Primeiro Mundo, segundo
Freire. Mas ele destaca que nesses locais os helipontos
são comercializados na forma de leasing, e o alumínio,
por sua praticidade e facilidade de desmontagem, responde
bem ao conceito de instalação móvel.
• Vantagens: grande resistência
à corrosão atmosférica e facilidade
de montagem e desmontagem.
• Desvantagem: alto custo.
Para edifícios novos, a estrutura
mais usada é a mista de aço e concreto ou
apenas de concreto. Já para a instalação
em prédios antigos, a opção recai sobre
o aço ou o alumínio. Na opinião de
Freire, o concreto é economicamente viável,
mas gera dificuldades para a criação de efeitos
plásticos na arquitetura, além de apresentar
maiores dificuldades para execução de estruturas
em balanço.
Custo do material
Um aspecto importante é o custo
do material, considerando-se as ações de manutenção
futura. A experiência tem demonstrado que a melhor
solução (custo/benefício) é
a estrutura de aço com aplicação de
proteção contra corrosão atmosférica
(galvanização a fogo ou pintura com poliuretano).
“Alguns helipontos são construídos
em estruturas metálicas do tipo espacial, de aço
ou alumínio”, diz Freire. A justificativa técnica
é a facilidade de montagem, uma vez que os elementos
estruturais poderão ser projetados com dimensões
da ordem de 2,50 metros, facilitando o transporte das peças
até a cobertura (pode-se utilizar o elevador de passageiros
do prédio).
Na opinião de Freire, estruturas
espaciais não são recomendadas para pisos
de grande capacidade portante, como helipontos, pois os
esforços transmitidos pelos nós obrigam à
utilização de várias chapas e parafusos,
o que encarece a execução. Também se
deve destacar que as estruturas tubulares têm maiores
pontos de estagnação de água (causadores
de corrosão), sendo seu uso aconselhável para
locais secos (com coberturas metálicas, por exemplo).
Normas técnicas
As cargas de dimensionamento do heliponto
obedecem a critérios especificados em normas. Nos
últimos anos ocorreu uma simplificação
do processo de aprovação de projetos, a partir
da publicação da IAC 4.301. Para o dimensionamento
das cargas, são consideradas as regulamentações
da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e da Aeronáutica.
Cargas pela ABNT
Todo heliponto se caracteriza como um terraço
e, assim, deverão ser levadas em conta, em seu dimensionamento,
as cargas da NBR 6.120, isto é, 300 kg/m2 em toda
a sua extensão, onde houver acesso livre a pessoas.
Nos helipontos em desnível, a consideração
de carga na área de pouso poderá ser descartada,
evitando o acesso de pessoas.
Cargas pela Aeronáutica
Segundo as normas estabelecidas pelo Ministério
da Aeronáutica (Icao), a portaria 18/GM5 estabelece
que “todo piso de heliponto deverá ser dimensionado
para uma carga pontual de 75% do peso total do helicóptero,
atuando numa área de 0,09 m2”.
Normalmente, segundo Freire, admite-se
a área de 0,09 m2 como sendo de 30 x 30 centímetros.
Isto é, o impacto de carga de uma única roda
do trem de aterrissagem em um ponto qualquer do heliponto.
Por se tratar de uma carga pontual, todo o piso do heliponto
onde é possível o pouso deverá ser
dimensionado para essa carga, levando-se em conta a punção
no piso e os efeitos localizados dessa carga concentrada
em qualquer ponto dos elementos estruturais em que o piso
ou a laje se apóiam. Fica dispensada essa verificação
nos casos em que a área de pouso (quadrado externo
do heliponto) for rebaixada em relação à
área de toque (quadrado interno).
Vale destacar a ocorrência de cargas
aerodinâmicas de pouso e decolagem (devido ao deslocamento
de ar durante essas operações). Freire informa
que, nos projetos desenvolvidos por seu escritório,
admite-se carga aerodinâmica de 100 kg/m2 atuando
em toda a extensão da área de toque.
Dimensionamento
Para dimensionamento dos helipontos são
consideradas três hipóteses de carga:
• HIP.I - Peso próprio + sobrecarga
de 300 kg/m2.
• HIP.II - Peso próprio + carga
de impacto da aeronave correspondente a 75% do peso total
do helicóptero de projeto atuando nos pontos mais
desfavoráveis da área de toque + 100 kg/m2,
devido às cargas aerodinâmicas de pouso e decolagem.
• HIP.III - Combinação
da análise de ventos pela NBR 6.123 com as HIP. I
e II no somatório da situação mais
desfavorável. A hipótese da ocorrência
de ventos de alta intensidade com o helicóptero amarrado
ao heliponto não é considerada, pois admite-se
ser a carga atuante nas amarras menor do que a de impacto.
Todos os elementos principais devem ser contraventados. |
Um dos desafios dos projetos de helipontos é resolver acessos, como escadas, elevadores e rampas Millennium Office Park, em São Paulo: heliponto como elemento arquitetônico As normas prevêem distância mínima entre helipontos Para edifícios novos, a estrutura mais utilizada é a mista de aço e concreto ou apenas de concreto A arquitetura deve harmonizar as formas do heliponto com o desenho e os materiais da fachada do prédio Helipontos em edifícios hospitalares Ruído e conforto ambiental
Helipontos construídos próximo
a janelas de prédios são obrigados a atender
à lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), que introduziu
instrumentos urbanísticos e ambientais na busca de
um desenvolvimento sustentável e de respeito à
função socioambiental da propriedade urbana.
Assim, em alguns locais da área urbana, os helipontos
ficam limitados a duas ou até uma única operação
de pouso e decolagem por dia.
A NBR 10.151 estabelece uma média
permissível de ruído para o período
diurno (mais tolerável) e outra para o noturno (mais
restritiva). Nos casos em que os helipontos ficam muito
próximo de residências, pode não ser
permitida a operação à noite.
As normas prevêem distância
mínima entre helipontos. Porém, a experiência
tem demonstrado que, através do controle de rádio
entre pilotos, é possível garantir a segurança
operacional. Quando realizado o projeto aeroportuário,
é feita uma análise das rampas de aproximação,
para garantir que não ocorra interferência.
Essa avaliação é sempre submetida à
aprovação do Serviço de Proteção
ao Vôo do Ministério da Aeronáutica.
As principais indicações das normas constam
da portaria 8/GM5, IAC 4.301 e portaria 1.141.
Edifícios antigos
Para a instalação de heliponto
em edifício já existente, é necessária
a análise rigorosa da capacidade portante da cobertura.
Nesses casos, é indicado construir o heliponto com
o menor peso próprio possível, adotando chapas
de aço ou alumínio no piso e outros recursos,
como o desnível entre a área de pouso e a
de toque. Este pode gerar algumas vantagens: dispensa a
necessidade da tela de proteção lateral (o
desnível já gera um fosso de proteção)
e possibilita o confinamento dessa área, evitando
o acesso de pessoas e reduzindo a sobrecarga da NBR 6.120.
A desvantagem, comentada por alguns pilotos,
segundo Freire, seria a diminuição do efeito
solo. Trata-se de efeito aerodinâmico importante nos
momentos de pouso e decolagem - ele pode ser sentido quando
dirigimos um ventilador para o chão e temos a sensação
de que o aparelho flutua.
Em algumas obras em edifícios antigos,
é necessária a utilização de
reforços na laje de cobertura e no último
lance de pilares. Alguns pontos precisam ser considerados
para esses projetos. Todos os elementos estruturais existentes
devem ser levantados e dimensionados, para que seja possível
verificar a capacidade portante e projetar eventuais reforços.
A execução do projeto de estrutura metálica
deve levar em conta as condições de montagem.
A estrutura ideal para edifícios
em uso é aquela que menos interfere tanto na composição
da fachada como no comportamento estrutural do prédio,
observa Freire. Mas estruturas de concreto em edificações
antigas são altamente proibitivas, pelo elevado peso
próprio. Nesse caso, o mais adequado é recorrer
à solução estrutural metálica,
de aço ou de alumínio.
Texto resumido a partir de reportagem publicada originalmente em FINESTRA Edição 45 Abril de 2006 |
De
objeto de status a ferramenta logística
O Brasil ocupa a sétima posição no mercado mundial de helicópteros, sendo o país com maior frota civil e com a única linha de montagem da América Latina. Trata-se de um nicho de mercado que revela crescimento constante nos últimos anos e que, segundo dados da Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros (Abraphe), vem registrando mudança na percepção mercadológica. O aumento das aplicações de uso (veja gráfico) e a descentralização do mercado geram a necessidade de construção de novos helipontos. Atualmente, é raro o projeto de edifício administrativo em São Paulo que não contemple a construção de uma área de pouso/decolagem de helicópteros. Da frota total do país, de 990 aeronaves, a região Sudeste detém 745 (453 no estado de São Paulo, 184 no Rio de Janeiro e 102 em Minas Gerais). No Distrito Federal há 39. Mercado - tipo de uso
Segundo
dados do Departamento de Aviação Civil (DAC),
há 427 helipontos no Brasil. Desse total, 310 estão
localizadosno estado de São Paulo, sendo 260 na Grande
São Paulo.
Frota Mundial de Helicopteros
As características
de crescimento das rotas de helicópteros em São
Paulo levou a Abraphe a definir o chamado quadrilátero
executivo - área que concentra o maior número
de helipontos e de movimento de aeronaves e abrange da avenida
Paulista à região das avenidas Nações
Unidas e Luís Carlos Berrini, na capital. Esse novo
centro econômico expandido reúne grandes edifícios
corporativos, bancos, hotéis e outros empreendimentos.
São exatamente essas edificações que
exibem, atualmente, as mais diferentes propostas arquitetônicas
e estruturais aplicadas à construção
de helipontos.
Frota por região Fonte: Oheliponto.com |
Pesquisar este blog
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Helipontos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário